segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tecnologia para substituir queima é apresentada pela Embrapa Rondônia


Foto: Marília Locatelli
Equipamento corta e tritura vegetação

Alternativa ao uso da queima no preparo de áreas para cultivo, a tecnologia de trituração de capoeira será tema de evento que vai reunir pesquisadores, técnicos extensionistas e estudantes nesta quarta-feira, na Embrapa Rondônia, em Porto Velho. Serão apresentados resultados dos últimos três anos de pesquisa e feita demonstração de um equipamento para trituração de capoeiras. Além da visível poluição do ar pela fumaça, as queimadas liberam na atmosfera gases de efeito estufa e comprometem propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, principalmente quando sucessivas em uma mesma área.

A tecnologia de trituração da capoeira é estudada por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em diferentes estados da Amazônia. As atividades tiveram início em 1991, com um programa de cooperação científica entre Brasil e Alemanha.

A parceria resultou no desenvolvimento de um implemento para ser utilizado em um trator, que corta e tritura a vegetação. Idealizada pelo Instituto de Engenharia Agrícola da Universidade de Göttingen, na Alemanha, a tecnologia foi testada pela primeira vez em experimentos no Brasil em 1997, no município paraense de Igarapé Açu.

De lá para cá, surgiram no mercado diferentes implementos com essa finalidade. Na quarta-feira, no Campo Experimental de Porto Velho, área da Embrapa Rondônia, será feita a demonstração de um equipamento desenvolvido em Santa Catarina. 

Benefícios ambientais
De acordo com os pesquisadores, os principais benefícios da tecnologia são ambientais. Estudos mostram que 75% das emissões brasileiras de gases considerados como contribuintes para mudanças climáticas são associadas ao uso do solo, queimadas e desmatamento, principalmente na Amazônia.

De baixo custo, a queimada é utilizada sistematicamente por agricultores e pecuaristas, seja para preparar uma área de cultivo ou para formar e recuperar pastagens. Em um primeiro momento, o incremento de fertilidade do solo por conta das cinzas favorece as culturas, mas a prática se mostra insustentável a longo prazo. O solo tende a perder fertilidade nos anos seguintes e a superfície exposta fica mais vulnerável a efeitos da chuva, como lixiviação e erosão. O processo favorece também a compactação do solo, o que compromete a penetração das raízes.

Experimento realizado pela Embrapa Rondônia no município de Nova União, entre os anos de 2005 e 2007, comparou sistemas de cultivo com uso de queima e com trituração de capoeira. Os dados colhidos mostram que o solo em que foi utilizada a queima apresentou, em todas as camadas avaliadas, maior resistência à penetração que o solo em que foi utilizada trituração.

Autores do trabalho, os pesquisadores Alaerto Luiz Marcolan e Marília Locatelli, da Embrapa Rondônia, explicam que outro aspectos positivos da tecnologia de trituração são a adição de matéria orgânica e a maior capacidade de manutenção de umidade no solo. “A queima libera todos os nutrientes de uma só vez, apresentando vantagem na fertilidade do solo apenas no primeiro ano. Com a trituração, a liberação de nutrientes é gradativa”, explica o engenheiro agrônomo Alaerto Marcolan.Novos experimentos serão realizados nos próximos três anos em cinco propriedades no município de Porto Velho.

Além da Embrapa Rondônia, participam do projeto “Manejo da capoeira na agricultura da Amazônia sem o uso do fogo” a Embrapa Amazônia Oriental, que coordena os trabalhos, Embrapa Acre, Embrapa Amapá, Embrapa Amazônia Ocidental e Embrapa Meio Norte.


Daniel Medeiros
Embrapa-RO

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